A Outra Forma: A Angústia de Se Perder Para Pertencer
"A Outra Forma" é um daqueles filmes que fica com você, sabe? Não é o tipo de história fácil de esquecer. Logo de cara, ele já te joga nesse futuro distópico em que as pessoas têm que se transformar fisicamente, até mesmo mudar o corpo, para conseguir alcançar o 'paraíso' artificial que foi construído na Lua. Eles se tornam literalmente quadrados, em um processo doloroso que inclui desde cirurgias até métodos que beiram a tortura, tudo para conseguir ser parte de um mundo 'perfeito'. Essa ideia de transformação forçada para se encaixar é, de cara, algo que vai mexer com a sua cabeça.
O filme não tem dialogos, e achei isso impressionante. Em vez disso, a narrativa é puxada pela música e pelo som. A animação, que é bem estranha e até meio grotesca, ajuda a construir uma atmosfera de angústia, e cada cena parece gritar sobre a pressão de se conformar com padrões impostos. Não é só uma crítica à busca por padrões estéticos, mas também à forma como a sociedade, de uma maneira geral, nos força a mudar quem somos para ser aceitos. Os corpos deformados, os cubos, são praticamente um grito visual dessa luta.
O personagem principal, Pedro Prensa, acaba sendo o reflexo de todos nós que, muitas vezes, nos vemos forçados a nos perguntar: "Quem sou eu realmente? Vale a pena mudar para ser aceito?". Ele vive essa angústia interna de querer ser autêntico, mas ao mesmo tempo se ver pressionado por tudo ao seu redor. O que é curioso no filme é que ele não aponta um culpado específico, como um governo opressor ou uma figura autoritária. A culpa, na verdade, está em todos, é uma coisa que se espalha por toda a sociedade, como se fosse uma escolha coletiva de aceitar essa opressão silenciosa. E, se você parar para pensar, isso é até mais assustador, porque o problema é mais difuso, mais difícil de combater.
O filme não é feito para todos os públicos e vai exigir um pouco mais do espectador, vai te fazer refletir e questionar, até onde nós mudamos e tentamos nos adaptar para encaixar em um "mundo perfeito". Para mim "A Outra Forma" é um filme necessário para o tempo em que estamos vivendo, onde muitas vezes tentamos nos encaixar em diversos grupos sociais dos quais as vezes não pertencemos, fica a relfexão. Mas mas, no fim, ele cumpre o que promete: é uma experiência visual e emocional que te faz pensar sobre a nossa necessidade de pertencer, de se transformar e de perder um pouco de quem somos no processo.
Se você está disposto a embarcar nessa viagem mais introspectiva e sem medo de se sentir desconfortável, vale a pena assistir. A história, por mais angustiante que seja, tem um poder de reflexão muito grande.
A Outra Forma estreia nos cinemas de todo o Brasil no dia 12/12, confira os ingressos disponiveis.
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